Personagem: fanny

Fanny é marchand de arte, profissional de sucesso, foi casada e teve um filho. Perdeu marido, filho e irmã em um acidente de carro. Seu sobrinho, Léo, foi morar com ela desde o acidente, eles vivem num ambiente desconfortável e tenso. Ela sente que a vida a traiu, a última coisa que ela queria nesse momento é que seu sobrinho viesse morar em seu apartamento. Fanny não gosta de cuidar da casa, fazer comida, não é uma típica dona de casa, é uma mulher que adora trabalhar, que já viajou muito e que tem gostos excêntricos. Fanny não tem medo do seu lado obscuro, pelo contrário, ela o celebra.

Ela sofre de um romantismo incurável, da nostalgia daquilo que perdeu. Fanny está em crise, pensa constantemente na fragilidade e fugacidade da vida, pensa em tudo que pode ocorrer de repente e mudar o curso da vida, pensa em seu próprio envelhecimento e morte. Talvez por estar atravessando essa crise ela vê no sobrinho uma promessa de juventude perdida, de paraíso perdido. Ela começa a se sentir cada vez mais atraída por sua juventude e inocência e cria jogos para os dois onde mistura prazer, domínio e chantagem. No auge da sua crise, ela o obriga a fazer um strip tease em troca de informações sobre a mãe dele, sua irmã. Em outra ocasião, ela coloca pílulas pra dormir no chá do sobrinho e tenta abusar dele enquanto ele está dormindo, tentativa fracassada e patética que a faz odiar o sobrinho ainda mais.

Seu segredo é o desejo de encontrar a redenção, o divino, uma resposta divina. Ela se relaciona com garotos de programa em segredo, ela sente como se essas relações fossem uma estranha forma de transcendência. Sua poesia é estar apaixonada pelo mistério que rege vida e morte sem medo das consequências nem das regras morais.